Tecnologia com propósito: por um desenvolvimento que respeita o planeta

Neste texto, refletimos sobre como o crescimento econômico e tecnológico pode. e devecaminhar lado a lado com a preservação ambiental. Casos emblemáticos como a Rodovia dos Imigrantes e as soluções de eficiência ambiental em datacenters mostram que é possível inovar sem sacrificar os ecossistemas. Em vez de uma oposição, o que vemos é uma integração crescente entre natureza e progresso. E é nesse horizonte que o Centro de Pesquisas e Inovação Itaqui posiciona sua atuação.

25/07/2025

Diego Cavalheri

Durante muito tempo, criou-se uma imagem equivocada de que o progresso e o meio ambiente estariam em lados opostos, como se cada avanço tecnológico, cada obra de infraestrutura ou cada megabyte processado viesse necessariamente à custa da natureza. No entanto, o tempo, a ciência e a inovação têm mostrado que essa é uma falsa dicotomia. O crescimento não precisa ser cego para o seu entorno, pelo contrário, quando conduzido com inteligência, pode ser o próprio motor da preservação.

Um exemplo marcante está no traçado da Rodovia dos Imigrantes. Ainda nos anos 1970, em plena expansão urbana e industrial de São Paulo, projetou-se uma ligação entre a capital e o litoral que, ao invés de rasgar a Mata Atlântica, a contornou com engenhosidade. A escolha por estruturas elevadas, como viadutos, permitiu a manutenção da cobertura vegetal e o trânsito da fauna sob a rodovia. Os túneis escavados nas encostas mais sensíveis evitaram desmatamentos desnecessários. Mesmo com as limitações tecnológicas da época, a obra foi uma aula de como é possível intervir com cautela, respeitando a complexidade do território.

Avançando para o presente, a fronteira entre inovação e equilíbrio ambiental se desloca para o universo digital. Com o crescimento exponencial da inteligência artificial e da computação em nuvem, surge um novo desafio: o impacto energético e hídrico dos centros de dados. Mas, ao invés de barrar esse avanço, empresas líderes optaram por transformá-lo em uma oportunidade de reimaginar a eficiência. A Microsoft, por exemplo, investe em resfriamento com reaproveitamento de água e energia limpa. Seu projeto Natick, que testa datacenters submersos, é uma proposta ousada de sinergia entre ambiente e tecnologia. O Google aplica IA para reduzir em larga escala o consumo energético de seus servidores, otimizando climatização e desempenho.

Mais recentemente, gigantes da tecnologia como Google, Meta, Microsoft e Salesforce uniram forças no projeto Symbiosis, uma iniciativa que pretende gerar mais de 20 milhões de toneladas de créditos de remoção de carbono (CDR) com base em Soluções Baseadas na Natureza (NBS), como restauração florestal e manejo sustentável de paisagens. Isso evidencia um movimento claro dessas corporações para além da mitigação direta de impactos operacionais — elas passam a atuar também na regeneração ativa dos ecossistemas como parte integral de suas estratégias climáticas.

Essas experiências revelam uma nova mentalidade: a de que é possível — e necessário — avançar com responsabilidade. Um progresso que não ignora os limites dos ecossistemas,

mas os considera parte do projeto. Mais do que uma exigência ética, trata-se de uma estratégia inteligente. Ao aliar desempenho à preservação, empresas e instituições ganham resiliência regulatória, reputação positiva e um diferencial competitivo valioso em um mundo cada vez mais atento à coerência entre discurso e prática.

É nesse contexto que o Centro de Pesquisas e Inovação Itaqui firma sua posição como protagonista. Com uma equipe multidisciplinar, alinhada aos desafios contemporâneos e às exigências de uma sociedade em transição, o Itaqui busca continuamente integrar soluções tecnológicas de mitigação, adaptação e monitoramento aos seus projetos. O objetivo não é apenas utilizar as ferramentas existentes, mas ampliá-las, aperfeiçoá-las e, quando necessário, criar abordagens que coloquem o conhecimento científico e tecnológico a serviço de um desenvolvimento verdadeiramente equilibrado.

Ao virar os olhos para o futuro, o Itaqui reafirma seu compromisso com uma ciência aplicada, inovadora e responsável. Em vez de aceitar o dilema entre crescer ou preservar, propomos outra equação: crescer para preservar. Porque, no fundo, é isso que nos move — transformar o bom em ótimo, e o necessário em exemplo.